sobre cigarras e formigas

Há muito tempo atrás, e ainda hoje, existe alguma cigarra. Cantora, atriz e prostituída. Por romantismo, descuido ou ato-falho, ou seja, ambos, trepou sem camisinha com um cliente exigente. Num tronco podre de árvore depositou seu ovo. Treze anos a larva sonhou no meio da podridão e no inverno vieram as formigas e a devoraram. No verão do décimo quarto ano uma voz a menos de cigarra não fez falta. Perto de morrer chiaram cento e oito cigarras numa tarde dourada. As formigas, surdas, não perceberam.

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